quarta-feira, 17 de novembro de 2010

TRABALHOS ARTESANAIS





ALFABETIZAÇÃO VISUAL


Alfabetização visual: uma abordagem
arte-educativa para a contemporaneidade
Maria Márcia Costa Oliveira

        Diante da complexa realidade social contemporânea, a qual disponibiliza todo tipo de informação por meio dos mais variados sistemas linguísticos e aparatos tecnológicos, a escola necessita formar um cidadão capaz de interagir e se comunicar através de todos esses meios. Nesse contexto, uma linguagem constantemente utilizada é a visual. Ao situar a origem da linguagem visual na história da arte, tem-se a arte-educação como a principal responsável pelo ensino dos códigos linguísticos visuais – os quais constituem as imagens criadas e difundidas pelos diversos meios de comunicação. Dessa forma, este artigo propõe uma abordagem arte-educativa que auxilie os indivíduos na realização de uma leitura crítica das ideias e valores veiculados no mundo de hoje através dessas imagens. Para tanto, analisa algumas das utilizações e aplicações dos conhecimentos visuais pelos meios de comunicação e pelo marketing. Em seguida, associa-os a conceitos e procedimentos criados no contexto artístico, evidenciando como a comunicação e o marketing se apropriam do repertório artístico, e mais, como o conhecimento prévio do universo da arte potencializa a qualidade da leitura que o indivíduo realiza dessas imagens. Conclui-se que a alfabetização visual amplia o olhar do indivíduo, o limite e a abrangência de sua percepção, sendo, portanto, imprescindível para uma atuação consciente e crítica na sociedade contemporânea. Palavras-chave: arte-educação, alfabetização visual, contemporaneidade.
         Todo trabalho que envolve criação e/ou manipulação de signos imagéticos está direta ou indiretamente
ligado à linguagem artística. Isso porque a linguagem visual tem sua origem – embora com finalidade a princípio religiosa, e não estética – na história da arte. Então, toda a teoria semiótica que sustenta os trabalhos de comunicação e criação visual foi produzida a partir de estudos do acervo artístico humano. Portanto, é imprescindível aos profissionais que trabalham em áreas ligadas a propaganda, editoras, indústrias de audiovisual, indústrias têxteis, arquitetura, designer e televisão, dentre outros grupos que representam mais de um quarto das profissões no Brasil, um conhecimento mínimo de artes plásticas visuais. A qualidade do desempenho de todos esses profissionais está necessariamente relacionada ao conhecimento de arte que esses indivíduos têm, como nos confirma Barbosa:
"Todos os trabalhadores de TV, desde os produtores
até o camera man, seriam melhores
se conhecessem arte, porque estariam melhor
preparados para julgar a qualidade e
a propriedade das imagens. Já há uma
pesquisa nos Estados Unidos mostrando
que os camera man que tiveram cursos
de apreciação artística são mais eficientes,
escolhem melhor os enquadramentos, dominam
melhor a imagem que jogam em
nossas casas. Pensemos também na indústria
têxtil, que desde a textura à padronagem,
se enriqueceria com profissionais
que conhecessem arte. O desenho de nossas
cadeiras, em geral tão ruim, seria bem
melhorado se aqueles que o fazem conhecessem
arte (Barbosa, 1991, p. 31)."
      Conhecer arte, contudo, não é apenas apreciar arte ou saber identificar e classificar obras de acordo com
seu momento histórico de produção, como observa a estudiosa:
"Quando falo de conhecer arte falo de um
conhecimento que nas artes visuais se organiza
inter-relacionando o fazer artístico,
a apreciação da arte e a história da arte.
Nenhuma das três áreas sozinha corresponde
à epistemologia da arte (Barbosa,
1991, p. 31)."
     Tal habilidade é especialmente relevante no contexto contemporâneo não só para profissionais das áreas
citadas, mas para toda a população. O alto nível de desenvolvimento tecnológico alcançado na atual “era da
informação” tem privilegiado a utilização de imagens. Para fazer circular tamanho fluxo de informações, a
forma mais ágil encontrada pela comunicação é a visual: linguagem universal, de fácil e rápida decodificação,
altamente atrativa e envolvente. Em nossa vida diária, estamos rodeados por imagens veiculadas pela mídia, vendendo produtos, ideias, conceitos, comportamentos, slogans políticos etc. Como resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nós aprendemos por meio delas inconscientemente.
"[...] O conhecimento
crítico de como os conceitos formais, visuais,
sociais e históricos aparecem na Arte,
como eles têm sido percebidos, redefinidos,
redesignados, distorcidos, descartados, reapropriados,
reformulados, justificados e
criticados em seus processos construtivos
ilumina a prática da Arte, mesmo quando
essa prática é meramente comercial (Idem,
2002, p. 1)."

Texto - Estudos Semioticos sobre Alfabetização Visual